Estampas 1936 é uma obra de ficção como Felipe Hernández Cava faz questão de afirmar: “Uma das coisas que me surpreendeu foi o facto de muitos leitores acreditarem que todas as estampas nascem de testemunhos ou documentos reais, quando todas elas, mesmo aquelas cujos protagonistas são pessoas reais, são abordadas apenas a partir da ficção. E vou dar vários exemplos daquelas que parecem mais reais: O sonho de Lorca foi-nos contado por Alberti nas suas memórias, e imaginei-o a regressar a Madrid no camião de La Barraca obcecado por ele; pensei também na separação de Antonio Machado do seu irmão Manuel, e quis vê-lo a pensar nisso e nos seus tempos de estudante na Institución Libre de Enseñanza prestes a sair de Madrid para Levante; ou porque não acreditar que Juan Ramón Jiménez, depois de viver aquele episódio humilhante de que mal queria falar, não vomitou à porta de casa. Nada neste livro é exatamente real, mas tudo poderia ter sido como o contamos, porque por detrás de cada imagem há uma bagagem de muitas leituras”.