A 15 de fevereiro de 1937, Pascual Duarte, condenado à morte por matricídio, envia um manuscrito a um conhecido, relatando a sua vida e os seus feitos criminosos. Trata-se de uma confissão pública, mas, acima de tudo, uma tentativa de justificar tanta crueldade.
As violências de Pascual Duarte foram, por ordem cronológica, o ter ferido Zacarias numa disputa, morto à navalhada a égua que arreou na sua própria mulher, morto a tiro a cadela Chispa porque incomodava a sua vista, morto «El Estirao» a golpes, morto a sua mãe à navalhada e assassinado o Conde de Torremejía. Pascual apenas se diz verdadeiramente culpado de dois destes crimes – porque o que o enfurece verdadeiramente, diz, são as vicissitudes da vida e os infortúnios absurdos.
Procura alguém a quem culpar, alguém em quem se possa vingar das injustiças do destino. Atormentado pelas mulheres que o rodeiam, Pascual não só demonstra intolerância quando a má sorte se revela de uma crueza extrema – ao tirar-lhe os dois filhos, a primeira mulher e o irmão -, como vê nos seus crimes uma forma de repor a ordem na vida.
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