Partindo da experiência como responsável pela política externa portuguesa ao longo de seis anos, Augusto Santos Silva propõe uma reflexão sobre o posicionamento geopolítico de Portugal e as linhas estratégicas da sua contribuição para a comunidade internacional. Uma contribuição baseada na história, no sistema de alianças, na diáspora, na língua, mas também na constância das grandes orientações políticas e na capacidade de compreender e falar com todos. Essa vocação mercurial dos portugueses, europeus e atlânticos abertos ao mundo, é utilíssima em tempos marcados por tantas fracturas e polarizações. O livro analisa, para o período de 2015 a 2022, os empenhamentos multilaterais de Portugal e as mais importantes relações bilaterais, considerando também a renovação das políticas de comunidades, de cooperação e de internacionalização, assim como a prática diplomática.
Não se trata de um inventário, e muito menos é uma justificação de políticas. É uma reflexão conduzida a partir da realidade das coisas e projectada sobre o próximo futuro. Não encontro melhor verbo do que ligar, quando procuro exprimir numa só palavra o que pode ser o valor acrescentado especificamente por Portugal, e através da sua ação externa, ao mundo contemporâneo. Juntando- se Mercúrio (esse deus das trocas, deus- mensageiro, deus da comunicação, da interpretação) a Marte e Vénus. E os melhores elos de ligação tendem a ser, não os grandes poderes territoriais, económicos, tecnológicos ou militares, mas os atores intersticiais, os mercúrios que se movem entre, os que atravessam espaços, os que medeiam, os que têm algo de Fernão Mendes Pinto, peregrinando física e culturalmente entre regiões a descobrir, e de Fernando Pessoa, identificando em si mesmo a pluralidade dos mundos.
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