Viagem a Saramago não é um livro que trate a «viagem» stricto sensu, até porque o vocábulo é em si tão aberto como os pontos de partida e os cais de chegada. Considerando a noção de viagem em sentido literal, ou seja, como forma de deslocação de um ponto para o outro, mas também em sentido figurado, e repensando os significados de lugar e destino, é possível vislumbrarmos a viagem na obra e nos temas de José Saramago enquanto pretexto, metáfora, objectivo, tópico, tema e lugar literário.
Todas estas vertentes são habitadas por uma das muitas riquezas da variada obra e fortuna saramaguiana: a vitalidade de uma escrita constantemente actual e actualizável, que não esgota o que tem a dizer. Ao contrário do que escreveu Flaubert, para quem a viagem «deve ser feita rapidamente», a viagem à obra de José Saramago requer tempo e demora, contemplação e pensamento.
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