Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), poeta, cronista, ficcionista, tradutor, foi uma das figuras maiores da literatura brasileira do século XX, a par de Manuel Bandeira e João Guimarães Rosa. Com uma longa carreira literária, produziu extensa obra em quase todos os géneros disponíveis, deixando ainda vasto conjunto de inéditos. Apesar de se ter notabilizado sobretudo na poesia, a obra de cronista e contista é a de um prosador exímio, tão raro e singular quanto poeta. Homem tímido e delicado, trabalhou como funcionário público durante 35 anos, viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro, embora tenha nascido em Itabira, no estado de Minas Gerais, tendo-se mantido sempre entre o elevador e a roça, como explicou num dos seus primeiros poemas.
Também na prosa Drummond pensa na poesia (e, na poesia pensa na prosa), pelo que o humor, o sentimento do mundo e a consciência do tempo que caracterizam uma são traços distintivos da outra.